quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Porque somos melhores que os idiotas.

Vou explicar uma idéia que tive a respeito de um comportmento humano que, pra mim, é um tanto estranho. Já parei pra pensar diversas vezes a respeito do motivo que leva as pessoas a contar uma piada. Obviamente, a piada serve pra provocar o riso. Li em alguns livros que o riso pode ser uma forma de alertar o bando de chipanzés na florestinha que o predador foi embora e que está tudo bem. Não sei. O que me ocorreu foi que isso pode ser muito bem um belo começo pra este fenômeno, mas é um tanto simplista demais. No decorrer das centenas de milhares de anos da evolução humana deve ter havido uma certa tendência a se concretizar a risada como uma ferramenta mais útil do que um simples sinal de alerta. Tanto que nós, atualmente, temos por hábito estimular outros de nossa espécie a gargalhar sem nenhum motivo útil aparente. Somente por que é engraçado e faz sentir bem. Desconfio que não seja esse realmente o caso. Na natureza, quase nada tem motivo nenhum pra acontecer. Se não tem motivo, é porque não o compreendemos. No caso da piada, por ser um fenomeno cultural onipresente, há uma certa desconfiança da minha parte de que há um componente genético. Eis a explicação: seleção sexual. Eu falo algo enigmático e você tenta entender. Se você possui um cérebro bom, com capacidades cognitivas tão boas quanto às minhas, vai entender o que eu disse. Logo, há um contrato: eu me interesso por você porque você me entendeu e você se interessa por mim porque eu fui inteligente o suficiente pra desafiar por alguns instantes a suas capacidades. E como selar este contrato? Rindo. Ao chegarmos a um acordo referente a nossas aptidões intelectuais, mostramos nossos dentes para demonstrar também nossa saúde. É tipo o rabo do pavão. A seleção natural favorece este comportamento, pois somos recompensados nestas ocasiões com uma quantia justa de serotonina. É claro que, como tudo que é humano, o fenômeno já foi extrapolado e virou ritual. Centenas de pessoas se juntam para assistir a um comediante. Durante um tempo estipulado, elas demonstram (sem saber) que não só entendem as associações que foram feitas por ele, como também se esforçam ao máximo pra demonstrar isso. E quando por acaso não entendem, riem do mesmo jeito. No fim, saem duplamente satisfeitas. Por um lado ganharam suas recompensas e ao mesmo tempo se tornaram mais atraentes pras pessoas que estavam juntas a elas. Agora fica a pergunta: por que rimos quando alguém faz algo idiota? O raciocínio é o mesmo e as conclusões são um tanto reveladoras. Entendeu? Então sorria.