sábado, 10 de julho de 2010

Shyamalan Blitz

Mesmo sabendo que era inutil ele tentou continuar o dialogo, Não eu não estou dando em cima de voce! A resposta foi estranha. A menina era simpática, sabia que ela usava as mesmas roupas que ele, um bom gosto subliminar, era como uma tatuagem que brilha no escuro. Ele parou um pouco pra pensar no padrão. Se é que existe o padrão. Talvez estivesse se enganando. Denovo. Ela respondeu, que bom. Gostei de você, não queria ter que me afastar, por que voce sabe né, eu sou casada. Calafrio estranho, coça o rosto. Continua.Disse : então agora tá tudo claro, a gente pode continuar a conversa né? Ela disse que sim, o assunto antes era o novo filme do Tarantino o que finalmente ganharia o Oscar. Ela muda o assunto. Ela começa então a falar sobre as férias e o cunhado dela. Lembrou então de sua namorada que tinha lhe dito um dia antes que gostava dos filmes de M Night Shyamalan. Ele tinha então retrucado então que esperar a virada, a grande guinada no enredo era irritante quando era uma certeza. Sexto Sentido foi demais, não esperávamos nada. Os outros seis filmes seguintes tiveram o mesmo artificio na mesmo momento. Uma guinada cruel e covarde. Inexperado. Uma surpresa. Que bosta. Assitir filmes dele , ele tinha concluido, era como esperar uma festa surpresa que não era surpresa, sem comida e sem diversão. Ele disse até que as guinadas ocorriam no mesmo momento, no penultimo parágrafo do script. O psicologo está morto, a Vila não se passa no passado, O personagem principal é um super Herói. E o ultimo? A namorada dele lembrou. A moça então piscou denovo na tela. Oi? Oi. E aí voce acha que o Tarantino vai ganhar? Ele então responde que não, argumenta que os filmes toscos dele sempre iriam impedir ele ganhar algo, se a academia der um oscar para ele estaria dizendo que um Drink no inferno é aceitavel. E um Drink no inferno NÃO é aceitavel. Mas o filme é muito bom ela continuou. Outra ressonancia estranha, lembro denovo de sua namorada dizendo. A mesma frase o mesmo tom. Sobre “The happening.” O Que? Esse filme NÃO tem a virada! Mas não é a virada que voce odeia? Ela retrucou. Uma mecha caiu sobre o olho esquerdo. A noite. O painel vermelho aceso, 45 Km por hora. Tenho que dar um jeito nisso. Então ele conclui. The happening simplesmente apagou o ultimo paragrafo. Na virada nada acontece. NADA. Nada se explica. As plantas! Estão se vingando! Eu odeio filmes de catástrofe, voce sabe né? Sei sim. Mais uma mensagem na tela. Estou tão cansada. Sentiu eletricidade percorrendo sua coluna. Ela vai ceder. Abriu um sorriso. E ficou esperando. Era covardia ele sabia. Quando voce conhece tudo sobre uma pessoa é facil criar uma persona que é exatamente o que ele mais deseja. Covardia. Mais uma vez o carro, 45 km por hora. O Shyamalan. Ela disse que ele não tinha imaginação, e que se ele se colocasse no lugar do personagem, mesmo, ia ver que a catarse daqueles personagems era algo a se apreciar. Não era sobre a guinada, era sobre o que aqueles personagems aprendiam quando a virada acontecia. Isso ficou ecoando na cabeça dele. E voltava de tempos em tempos. A tela pisca denovo. Ela diz que quer relaxar. Ele então pergunta se ele conhece o Café que fica do lado do shopping. Covardia. Ele sabia que era o favorito dela. Ela topa. Agora eram complices. Aquela excitação juvenil estava tomando conta dele e dela pelo que ele sabia. Um silencio constrangedor. Ele esperou. Ela digitou e apagou. Digitou e apagou. Ele pede então o celular dela. Ela responde. Ele complementa, pra gente não se desencontrar. É né. Para deixar ela ainda mais nervosa ele diz que tem que sair. Que vai arrumar algumas coisas e que eles voltariam a falar no café. Ele vai até a sala e ve sua namorada usando o notebook. Vou sair ele diz. Ela responde ok. Que horas voce volta? Vou passar em casa, talvez meu irmão queria que eu fique por lá, tudo bem? Tudo bem. Ela vai até a casa de seu amigo. Ele mora no edificio Presidente, fica a duas quadras do shopping e do café. Seu amigo surpreso atende a porta. Ele explica pra o amigo que vai precisar do apê. Só algumas horas ele complementa. Ok, mas não te devo mais nada, certo? Certo. O Apê está arrumado. Perfeito. Quando chega a hora do encontro ela chega ao café. Talvez tenha dado algumas voltas enquanto esperava. Ele então liga. Oi. Ela responde nervosa. Voce tá vindo? Então, tá passando um especial agora sobre o Tarantino, quer ver? Ela diz que sim. Eu moro aqui do lado do café. Voce pode subir. Vou deixar o porteiro avisado. Mas não! ela responde. O celular desliga. Ela liga de volta ninguem atende. Ela pensa que é perigoso. Ela para. Resolve então ir ao apartamento dele, mas para dizer que ela prefere ficar no café. Ela entra no prédio. Ela começa a se sentir culpada. Pensa no namorado. Ela se irrita. Ela pega o elevador. A excitação aumenta. Cada centrimetro que o elevador sobe ela se sente mais e mais culpada. Estava traindo seu namorado. Ela iria até o final. O que seria tão perigoso, sair? Tomar o café? Ver um documentário? Um beijo roubado? Sexo ? Frequentar aquele mesmo apartamento por meses e meses? Pensar em trocar de namorado? Aceitar? Negar? Ir embora? O elevador continua subindo. A porta abre. Ela não decide. Continua andando. Chega até a porta do apartamento. Porta entreaberta. Ele então grita do banheiro. É voce? Pode entrar! Ela entra ve o sofá. Ela senta. Ele grita denovo, só um pouco já estou indo. Ele não faz nada. Fica esperando. Ele quer ter certeza que ela se rendeu. Ela se tortura. Ela senta. Ela espera.


Ele sai finalmente do banheiro. O que voce está fazendo aqui! Ela grita. A namorada furiosa: Voce tá me espionando! Ei eu ia dizer pra ele que a gente tinha que ficar no café! Voce sabe né? Diga alguma coisa. Cade ele? Voce fez alguma coisa com ele?! O que tá acontecendo?


Nada querida. Eu não estou bravo. Não existe Ele. Era eu o tempo todo. Por que voce fez isso! Voce ! Ela grita. Ele segura ela. Ela enfia as unhas nas costas dele. Ele segura. Ela então explode em lagrimas. Ele enxuga. Ela então para. Com os olhos vermelhos. Ela o encara . Voce sabe que eu te amo né? Eu tambem te amo ele responde. Então o sexo. Roupas atiradas no chão com pressa. Ela pula, ele aceita. Sexo agressivo. Está doendo. Ele aguenta. Ela para. Deita. Fica imovel. Dez minutos. Beijo suave. Por que voce fez tudo isso?

O Shyamalan. Voce ainda gosta dele?