domingo, 24 de agosto de 2008

O tempo passa (e me impressionaria se fosse diferente)

Antes eu me espantava quando ouvia aquela conversa sobre o rio e o homem, que com o passar do tempo o rio continuava o mesmo e o homem seria diferente, ou algo assim. Não lembro bem a história. Com o passar dos anos, é de se pressupor que fiquemos mais inteligentes, não cometamos mais tantos equívocos, sejamos mais equilibrados. O homem muda, mas contrariando a historinha, o rio também muda. Quando chega a data do nosso dito "aniversário" - palavra até que bonita para distingüir uma série de sentimentos e sensações adoráveis quando se é "novo", e odiáveis quando não se é tão "novo" assim - podemos perceber por a + b que você já não é mais o você de ontem. Interessante é que a tal data indubitavelmente é um marcador temporal implacável, e nos diz, com todos os dias disponíveis no calendário, ainda que se negue, que você conseguiu se manter firme, habitando, com louvor, ou como a maioria, aos trancos e barrancos, esse mundo estranho, esdrúxulo, inexplicável e teratológico, como diria um colega meu, por mais um ano! O tempo passa, meu caro, diz o "nosso dia" no calendário rodeado por uma luz neon super brilhante que, com o tempo, nós aprendemos a esconder - dos outros e de nós mesmos, principalmente. Ele diz também: "olha lá, aquele seu coleguinha de colégio está bem de vida agora, aquela sua amiga já tem um filho, aquela pessoa que você admira foi para o exterior", e, munido você de todos esses pensamentos, acaba se perguntando: "e agora, José?" "O que acontece depois?" Não está na hora do The End ainda, né? É cedo ainda! Na verdade, é só mais um capítulo no dvd. A solução para esse gigante ponto de interrogação temporal, imagino, deve estar escondida no próprio calendário...

...quando você encontrar, me avise. Mas por enquanto, não apague as velas ainda porque eu ainda não fiz o meu pedido!

Texto gentilmente cedido por Renan.
-Valeu!