segunda-feira, 20 de abril de 2009

Hedonismo vingativo, Revolta interior e Luz azul

AVISO!
Se tiver estômago fraco, não LEIA!
Mas é claro que você vai ler...

3º - Lorena
Foi minha namorada quando eu tinha 37, depois de quase 8 anos de solteirice. Ela foi especial para mim naquela época, já que conseguiu me tirar da vagabundagem. Ela era contadora como eu e nos conhecemos na orgia semanal do Cabral. Que saudade! Ela havia chegado há pouco aqui na megalópole e ainda estava procurando lugares pra se divertir. Sem querer ela escolheu começar pela periferia, pensando que seria mais ameno. Coitada, acabou dando logo de cara com indivíduos como eu. Coitada nada, era o que a piranha queria mesmo. Mas se fosse um vadia qualquer eu não estaria me dando o trabalho de escrever sobre ela aqui. Vamos aos fatos: Lorena era religiosa, monoteísta. Ainda criança, viu-se de repente numa sacristia sendo lambida da cabeça aos pés por uma freira gorda, feia e forte. Decidiu naquela idade que Igreja era errado, muito errado. Não teve coragem de abandonar a crença até pouco tempo atrás. Mas, quando isso aconteceu, foi uma revolução. Eu a chamava de hedonista vingativa. Ela sentia que tinha o dever moral para com a humanidade de sentir prazer todo e a qualquer momento que era possível. Também possuía uma inclinação para profanidades. Um dia ela revelou que havia convidado um negão pra transar no altar de uma igreja adventista perto da casa dela. O negão a enrabou em todas as posições possíveis, dentro do pentagrama negro desenhado por ela mesma, enquanto ela se lambusava inteira com sangue e entranhas de carneiro. Foi mágico, segundo ela. Comigo foi um pouco diferente. Ela havia decidido que já havia utilizado Jeová o suficiente e gostaria de subverter outro tipo de Deus. Escolheu Alá. Nossa melhor experiência, e a que mereceu esta medalha de bronze, foi num dia quente de fevereiro. Um dia ela chegou lá em casa com uma pequena maleta e um saco com muitas coisas dentro. Tirou sua roupa e me disse para fazer tudo o ela pedisse. Estendeu uma lona de plástico na cama e por cima colocou várias pedras pequenas. Deitou-se de barriga pra cima e abriu bem as pernas. Delicadamente abriu a maleta e me entregou uma agulha consideravelmente grande e linha. Pediu para que eu a costurasse, da mesma forma que alguém pede para outra pessoa trazer uma toalha ou um copo de água. Fiquei de pau duro na mesma hora. Ponto a ponto, fui costurando cada centímetro daquela boceta deliciosa. Banhada em sangue, inchada, num tom roxo meio azulado, parecia uma pequena beringela amassada. Depois de terminado o trabalho, ela me entregou uma tesoura para que eu cortasse uma pequena abertura entre o emaranhado de fios. Por essa abertura, começou a minha participação efetivamente. Nos entregamos àquele frenesi caótico de dor, prazer e desespero. Por fim, removi todas as linhas com a tesoura, arrancando gemidos guturais a cada ponto retirado. Seu rosto brilhava e refletia pura paz e compaixão. Com ternura digna de uma mãe, ela desenhava com sua unha afiada uma imagem na sua própria carne, na altura da barriga. Quando perguntei o que significava, ela respondeu: Maomé.


2º - Suelen
Conheci na internet, num daqueles sites obscuros que quase ninguém acessa. No underground do underground. Onde responder "sim, tenho mais de 18 anos" não basta. Você só chega lá se for indicado por alguém. Marcamos de nos conhecer na margem da lagoa. 5 minutos depois estavamos a cometer aberrações sexuais num banheiro público imundo ali perto. Me apaixonei naquele mesmo instante. Gosto de mulheres objetivas. Suelen era médica, neurologista. Gostava de imaginar que uma cientista dos sentidos seria a pessoa ideal pra me mostrar as melhores formas de estímulos que existem. Não errei! Durante meses nos encontramos diariamente para fazer coisas que muitos profissionais achariam impossíveis. Neste tempo, percebi algo diferente no jeito de Suelen. Ela parecia meio aérea, meio desprendida do mundo. Num dia qualquer, depois de uma trepada histórica, ainda no êxtase, resolvi perguntar se algo havia acontecido com ela. Depois de me chamar de "aproveitador imundo", ela explicou que ela era daquele jeito por causa de uma infecção generalizada que danificou parte do seu cérebro. Desde então, ela se tornou menos apegada às coisas que geralmente as pessoas normais se apegam. "O que interessa é viver", ela falava. Um dia, o dia que mereceu a medalha de prata, fui buscá-la no hospital. Chegando perto de casa, ela me perguntou se eu gostaria de experimentar algo que mudaria meu modo de ver o mundo. Assenti com a cabeça, ao mesmo tempo que tinha uma ereção homérica. Dirigimos durante mais de duas horas pra chegar numa velha fazenda suja e mal cheirosa. Chegando lá, Suelen cumprimentou uma senhora velha, feia, gorda e incrivelmente suja. Sem muitas amenidades, as duas acertaram um preço (barato) e a velha nos convidou para ir a um cômodo nos fundos da casa. Quinze minutos depois voltamos, e o que aconteceu eu só poderia descrever como absolutamente repugnante. Podem me chamar de egoísta, mas eu gostaria de ter participado daquilo. Tudo o que eu fiz foi ficar olhando enquanto as duas apresentavam aquele show gastro-intestinal de horrores. Naquele dia descobri que Suelen não só era chegada numa cropofagia mas também era particularmente interessada em mulheres de meia idade com sérios problemas de higiene. Como eu disse, foi uma pena eu não ter sido autorizado a participar. Depois de tudo aquilo, a velha foi na cozinha e voltou com um pedaço de carne fresca, aparentemente de porco. Algumas horas depois chegamos em casa e Suelen foi preparar o jantar. Para ela, um pedaço de carne ainda cru, levemente aquecido. Para mim, um belo bife bem passado, preto como carvão. Não comi. Suelen cortava e se deliciava com os pedaços de carne, como se fossem iguarias francesas. Fomos para cama e não se falou em sexo. Continuamos no celibato por mais dois meses. Minhas mãos e meu cacete sofreram enormemente. Enfim, chegou o dia. Fomos jantar, como o de costume. Ao fim, terminei minha taça de vinho e Suelen despejou num pequeno copo de licor uma ampola que parecia conter algum tipo de medicamento. Pediu para que eu aguardasse. Cinco, quinze, vinte minutos. A espera era enlouquecedora. Eu sabia que o momento que mudaria o meu modo de ver o mundo se aproximava, mas não fazia idéia do que seria. De repente, ela se levantou da cadeira. Seu olhar estava petrificado. Seus olhos, vermelhos, escorriam em lágrimas. No fundo daquele semblante de agonia, se escondia algo que eu claramente conseguia identificar. Era o prazer da dor. Caída no chão, com suas mãos no abdomen, Suelen gemia longamente mas não gritava. Levei-a para cama e a despi. Ela estava branca, suava muito e ardia em febre. Então, como se sua própria alma clamasse por alívio, ela gritou desesperada: "Come o meu cu, agora, porra!". Não hesitei nem tive dó. Meti sem passar nada. Ela não gemeu mais do que já estava gemento. Enquanto eu a enrabava loucamente, ela me olhava chorando, com ternura nos olhos e falava: "isso é pra você, meu querido". De repente, senti algo estranho. Era como se seu intestino estivesse se revirando. Senti dor na ponta do pau. Ela gritou: "Não tira!". Não tirei. A dor era como se minúsculas abelhas estivessem me picando ao mesmo tempo. Congelei de medo e de tesão. Minhas pernas tremeram mas continuei firme. Ninguém se mexia. Era somente nossa dor, nosso momento. Tinha a sensação de que suas entranhas fervilhavam, como se tivessem resolvido se rebelar contra todo o resto. Senti cócegas, como se milhares de pequenos tentáculos chicoteassem meu membro. O estímulo era tamanho que em alguns segundos eu já havia ejaculado. Era realmente uma experiência única. Caí para trás, no chão, tentando recuperar minha respiração, tamanho era o êxtase. Olhei para Suelen. Ela não se mexia. De seu cu, saíam milhares de pequenos fios brancos, enraivecidos pelo licor aperitivo de ascaricida. Era uma cena belíssima, uma pintura. Consegui ver as coisas de um jeito diferente desde então. Engraçado como coisas tão simples e comuns podem fazer você reavaliar os costumes e valores. O mundo me parece mas simples agora. Eu realmente acho que eu o vejo do jeito que deveria ser. Mas não do jeito que a Suelen via, de maneira nenhuma. No caso dela, foi um cisticerco alojado no lóbulo frontal esquerdo.



1º - Débora
A primeira coisa que pensei foi: que nomezinho feio. Parece xingamento. Ô sua Débora, pára com isso. Sou meio impulsivo às vezes. Pra mim, essa foi a impressão que tive e foi essa a impressão que ficou. Hoje me arrependo. Deveria tê-la aproveitado melhor enquanto ela era viva. Naquela época ela era só um buraco onde eu conseguia meter regularmente. Ela me amava, sem dúvida. Eu a detestava. Era isso que eu achava interessante nessa relação. Era poder, sem dúvida. Se eu pedisse pra ela comer o meu cocô, ela faria. Admito, ela fez e não gostou. Um dia explodi e terminei. Disse que o que mais me irritava é que ela me obedecia. Depois disso ela mudou. Mudou-se lá pra casa também. Espancá-la não resolveu. Só tornou as trepadas um pouco mais intensas. Ela gostava, a desgraçada. Era um jogo. Não sou um pivete, sei como essas coisas funcionam. No fundo, Débora é um poço de insegurança com um talento sobrenatural para o teatro. As coisas começaram a ficar realmente sombrias quando ela decidiu não aceitar meus argumentos. A cada soco que eu dava, recebia outros dois. Sim, já apanhei pra uma porra de uma mulher magra, bonita e fraca. Foi então que descobrimos a apnéia. Era lindo. O único problema era o pessoal da firma perguntando o que eram as marcas roxas no pescoço. Eram chupões estranhos, um pouco mais alongados. Eu dava aquelas desculpas machistas de sempre e todos caíam na risada. Acho difícil encontrar seres mais estúpidos do que homens casados com mais de 30. Enfim, Débora e eu costumávamos passar nossas tardes tranquilas de domingo entre estrangulamentos e sessões de espancamento. Ainda odiava ela, mas gostava de ser dominado. Falando sério, quem não gosta? Era uma mistura perfeita: falta completa de controle misturada com ódio fervente. Enquanto ela pisava nos meus ovos com um salto 15, o único pensamento que me vinha era de quantas maneiras diferentes eu poderia desfigurar aquele rostinho bonito com meus punhos. Até que durou bastante, mas não foi o suficiente. Terminei mais uma vez. Eu queria as aberrações de sempre e Débora era estranha, mas ainda normal pros meus padrões. No outro dia fui parar no hospital com uma faca cravada no braço direito. Duas semanas depois voltamos a nos falar. Débora havia invadido novamente minha casa, com uma pistola na mão. Chegamos num acordo bem simples: ela faria comigo algo que nenhuma outra mulher fez. Depois disso ela iria embora e nunca mais nos falaríamos. Topei. Chega uma época na vida que você olha pra trás e diz: quer saber, foda-se. Ela preparou o local com muito esmero. Essências de flores, velas e um cheiro suave de bolo de chocolate. De fato, havia um no forno. Pediu que me despisse e que deitasse na banheira com água morna. Ela também entrou e parecia pouco determinada a me afogar. De um local que não pude identificar, ela tirou uma navalha. Gelei, mas abraçei o capeta, literalmente. Ela passou a lâmina pelo meu rosto lentamente, depois pelo meu peito, arrancando alguns pêlos. Novamente, sensação de entrega. Não havia nada que eu pudesse fazer, exceto ter uma ereção explosiva. Ela percebeu e logo montou em mim. Tudo muito suave, com movimentos lentos. Eu, quase em transe, não percebi quando ela fez um corte longitudinal nos meus pulsos. Sem muito esforço, ela também havia cortado os seus. Eram cortes grandes, o suficiente pra tingir a água de vermelho em poucos segundos. Admito, senti medo. Mas parece que há uma reação pavloviana dentro de mim que me impede de reagir em situações assim. Pelo contrário, eu adoro. É mais ou menos como se, quando pequeno, alguém te ensinasse que sinal verde é parar e sinal vermelho é seguir. Então começamos a galopar violentamente. Água, sangue e secreções lavaram o chão do banheiro e dos cômodos anexos. Aos poucos comecei a me sentir fraco, enjoado. Ela também não parecia bem. Mas também sentia como se minhas entranhas congelassem, contorcessem, borbulhando de desejo. Meu coração cada vez mais acelerado pela falta de sangue e oxigênio, parecia só se importar em mandar sangue para a única parte do corpo interessada nele. Estávamos nós dois trêmulos, brancos e exaustos mas não havia como parar. Era um furacão. Algumas gozadas depois eu me entreguei. Minha visão estava negra e eu só conseguia ver alguns traços ensanguentados do rosto de Débora. A desgraçada, tremendo e tirando forças de algum lugar desconhecido, pegou a lâmina novamente e começou a rasgar minha perna direita. A dor monumental me fez acordar por alguns segundos e o que eu vi foi além da compreensão e merecedor da medalha de ouro. Vi uma luz azulada. Fiz um esforço extremo pra focar a imagem. Aos poucos um contorno feminino foi se formando. Era Débora, linda, magra e transparente. Estava nua, em cima de mim segurando uma navalha. Tinha um olhar tênue e complacente. Era extremamente luminosa e eu conseguia enxergar todos os músculos, artérias, ossos e órgãos internos. Mantinha-se com a postura ereta e firme, como uma rainha. Uma onda de tesão invadiu meu corpo moribundo. Então, após eternos dois segundos, falou em câmera lenta: "Que merda, esqueci o bolo". Acordei dois dias depois, num hospital psiquiátrico, num ataque de riso que quase me matou novamente.